sexta-feira, 26 de março de 2010

Pesquisa da UnB avalia transporte escolar em Castro

Pesquisadores da Universidade de Brasília querem modelo de gestão para o país

A secretaria municipal de Educação de Castro recebeu a visita de pesquisadores da Universidade de Brasília, que vieram conhecer o sistema de gestão e rastreamento de veículos de transporte escolar adotados na cidade. O secretário da pasta, Carlos Eduardo Sanches, e o superintendente de Transporte Escolar, Giovani Zadra, receberam a equipe na tarde desta quinta-feira (25) e durante toda a sexta-feira (26) explicaram aos quatro pesquisadores como funciona o atendimento, a prestação de serviço público de transporte escolar e como o papel da escola é fundamental para que o trabalho seja efetivo.

O gerente do projeto 'Transporte Escolar Rural' do Centro Interdisciplinar de Estudos em Transportes (Ceftru) da Universidade de Brasília (UnB), Willer Luciano de Carvalho, explica que o estudo está sendo feito desde 2005. “É um estudo voltado para o transporte escolar rural, em uma parceria com o FNDE (Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação), ligado ao MEC. Este ano fizemos uma série de pesquisas em todo o Brasil. Estamos em Castro para conhecer o modelo de gestão do transporte escolar rural aplicado aqui, entender as dificuldades, as soluções já dadas e as que ainda não foram solucionadas. O município de Castro já tem uma evolução grande. Tem um sistema de rastreamento dos veículos, tem uma preocupação. É uma alegria ver um município com este nível de maturidade dentro do transporte escolar rural”, alegra-se.

Os pesquisadores conheceram o sistema de rastreamento, o projeto, o contrato com os prestadores de serviço e todo o processo utilizado pela Secretaria de Educação. “A gente sabe da dificuldade de gerir um sistema como este, das distâncias enormes. Existem escolas distribuídas dentro da área rural de Castro, que facilitam o acesso e diminuem as distâncias”, explica Carvalho.

O secretário de Educação, Carlos Eduardo Sanches, respondeu perguntas que farão parte de um relatório, que se transformará em uma cartilha. “Faremos um manual que sirva como instrumento de gestão. Uma cartilha que mostre ferramentas e possibilite melhorias no sistema como um todo, para todo o Brasil”, diz o pesquisador. Segundo Sanches, os municípios investem hoje muito mais em estradas rurais. O secretário também explicou como acontece a integração da família, da escola e do departamento de transporte escolar. “Nós já conseguimos criar uma cultura que envolve o setor de transporte escolar da secretaria, a escola e a família. A escola nos ajuda muito, tanto no momento da oferta da matrícula, nos informando, como também no trabalho diário de atendimento, de fiscalização. Nós conseguimos controlar o tráfego dos veículos, mas a relação humana, a relação do cidadão que está prestando serviço com o aluno, isso a escola nos ajuda muito”, conta.

O diferencial em Castro é o sistema de rastreamento por satélite dos veículos dos prestadores de serviço e a fiscalização por parte da secretaria. “A partir do momento que temos esses serviços no sistema, conseguimos monitorar e efetivamente enxergar o que acontece e como acontece. Esse sistema de rastreamento também tem que ter um trabalho de fiscalização intensa. Este é o nosso trabalho. É uma forma de fiscalização que diariamente a gente consegue controlar o que acontece”, afirma Sanches.

Em Castro, a Secretaria de Educação exige curso de transporte de escolares dos motoristas. “Nós ofertamos o curso e todos são obrigados a fazer. Além disso, o departamento de Transporte Escolar reúne, semestralmente, todos os motoristas para passar e receber informações e tratar de problemas de cotidiano, da relação motorista-aluno”, diz.

O município avalia o estudo da UnB para uma mudança de estratégia para o transporte escolar. “O estudo desenvolvido pela Universidade de Brasília nos provocou a repensar o modelo que nós temos de transporte escolar que disponibilizamos aqui. É algo que nós estamos estudando no momento, melhorar as condições, aumentar a segurança e padronizar a oferta de transporte escolar no município”, confirma o secretário. “Como o município é muito grande, nós podemos ter ônibus com melhores condições, a mesma qualidade em todas as regiões. Todas as ações da secretaria são universais. A gente quer sempre incluir todos os alunos. O estudo do 'custo aluno' do transporte escolar nos fez enxergar algo que, inicialmente, éramos contrários”, afirma.

Novos ônibus

Desde o ano passado, o Governo Federal tem disponibilizado através do programa 'Caminho da Escola' (financiado pelo BNDES) veículos apropriados para a área rural. São ônibus fabricados com características especiais, mais seguros, que suportam terrenos de tipos diversos. “Queremos conversar com os gestores, para conhecer as dificuldades, as propostas, o que eles acham que deve ser um modelo de gestão para colocarmos para o Brasil todo. Sabemos que cada município tem uma realidade. Queremos saber quais são as possibilidades de ação que o governo municipal pode fazer para melhorar o transporte rural dos alunos”, explica Carvalho.

Além de conhecer o sistema de transporte no município, os pesquisadores apresentaram o estudo desenvolvido desde 2005 a diretores de escolas de Castro e de municípios vizinhos. “Nossa intenção, além de mostrar as diferentes realidades de cada região do Brasil, é ouvir a opinião dos profissionais da escola para chegar a um conjunto de ferramentas para melhorar as condições do transporte escolar no país”, finaliza Carvalho.